segunda-feira, 24 de maio de 2021

A morte da cultura do crochê


Recorrendo um pouco a minha memória, lembro-me da infância, da Nova Russas das décadas de 80 e 90, das calçadas cheias e bons papos, e do crochê... Um artesanato aparente de difícil técnica, costurando um emaranhado que mescla linhas e habilidade, formando peças lindas e creditando a Nova Russas uma das cidades com maior difusão da cultura do crochê no Brasil. Difícil era uma casa em Nova Russas que não tivesse uma crochezeira... 


A falta de preocupação com a difusão da cultura do crochê, sobretudo dos governantes, tem aos pouco matado a cultura no âmbito do município. Em Nova Russas, deveria ter uma “escola do crochê”, um equipamento preocupado em manter viva a cultura do crochê. O Governo do Estado, tem ferramentas para incrementar essa difusão, basta vontade política e conhecimento para cadastrar “Mestres da Cultura” voltados para o crochê, cada Mestre cadastrado, é remunerado pelo Governo do Estado para ensinar e manter viva culturas importantes como a do Crochê. A Lei que regula o cadastro dos Mestres da Cultura, é de 2003, idealizada pelo Ex Governador Lúcio Alcântara, e que fomenta de forma sustentável as culturas Ceará a dentro. 


Um gerenciamento carece de uma visão sistêmica, todavia, os feitos físicos materiais, de concreto, são importantes, mas a maior obra de uma gestão é aquela imaterial, que leva bem estar de verdade aos munícipes. A cultura do Crochê, que alimentou tantas gerações, que tanto fomentou a economia de Nova Russas, está hoje limitada a nomes gravados em pórtico ou mesmo em livros de leis. Nova Russas tem vocação empreendedora, é gente forte, lutadora, inconformada com as adversidades... Nascemos na ribeira do Rio Curtume, assistimos a cultura do couro falecer, a do Crochê, se não for cuidada com esmero, desaparecerá, e se não cuidada, seremos desautorizados a usar o slogan de “Capital do Crochê”.

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