O “coração da cidade” sangra. A Praça do Ferreira, que carrega nome do Ex Presidente da Câmara de Fortaleza, Boticário Ferreira, é hoje abrigo de uma mescla de sem teto, sem rumo e dependentes de drogas. Está suja, mal cuidada, com colchões espalhados pelo logradouro do nascer ao pôr do sol. A falta de banheiros públicos faz com que o aglomerado de gente sem destino, destine ali mesmo necessidades fisiológicas, e colabore para o exalar desagradável odor.
A poesia espiritual de Antônio Sales, Adolfo Caminha, Henrique Jorge, Juvenal Galeno, e tantos outros, que outrora abrigava o meio da Praça do Ferreira no Café Java, cede espaço hoje a cenas grosseiras da degradação humana em meio ao mundo “civilizado” do Século XXI. Diversos seres humanos tem na bucólica Praça, seu lar, seu ponto de apoio, e ali vivem da forma como se permite. Cartão Postal? Só se recorrendo a memória, pois a Praça do Ferreira de hoje, ainda recebe teimosos saudosistas que resistem a total ignorância do Poder Público, e frequentam quase que diariamente a Praça, porém é perceptível que aos poucos a frequência diminui, até mesmo por uma questão de segurança.
Se durante o dia a Praça do Ferreira causa perplexidade com os dormitórios a céu aberto que ali se instalaram, a noite a Praça vira ponto de droga e prostituição, dividindo paradoxalmente lugar com o restaurado e pouco frequentado Cine Teatro São Luiz. Nem mesmo a abertura de um curso noturno em Faculdade instalada em prédio histórico de antigo Hotel, movimenta a praça com cultura e boa frequência. A difícil vida dos moradores da Praça do Ferreira é amenizada com a benevolência dos comerciantes e voluntários que rateia diariamente a caridade de oferta de sopas e canjas no cair da noite.
A Praça do Ferreira é do povo de Fortaleza, é dos que a tem como referência de ser o “coração da cidade”, do ponto marco em que a cidade se prolifera. Devolvam a praça para o povo, para a população de Fortaleza... É preciso se indignar com a frequência crescente de mendigos e moradores que aportam na Praça do Ferreira, e buscar uma solução sustentável para o problema, que ilustrativamente falamos da Praça do Ferreira, mas sabemos ser recorrentes em todas as praças do Centro da Cidade. É indigno e desumano a forma como vivem famílias inteiras ali, e é um insulto a nossa capacidade de pensar que a Prefeitura faça vista grossa de um problema tão recorrente no terreiro do Paço Municipal.
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