A mais
extraordinária característica dos fatos é que eles são teimosos. Os fatos não
desaparecem facilmente. A realidade é feita de fatos e, à semelhança da
verdade, cedo ou tarde ela se impõe.
VEJA provocou comoção quando escreveu na
capa de sua edição de 29 de outubro de 2014 que, segundo depoimento do doleiro
Alberto Yousseff, Lula e Dilma sabiam de tudo que se passava nos porões do
petrolão. Por ser antevéspera de eleições, um juiz do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) concedeu à campanha de Dilma Rousseff o direito de resposta. O
espaço legal foi usado mais para atacar a revista do que para recolocar os
fatos no seu devido lugar - até porque os fatos já estavam no lugar.
Na defesa que fez junto ao STF na
tentativa de reverter a decisão do TSE, VEJA esclareceu que se baseou em três
fatos:
"1) Ocorreu o depoimento do doleiro
Alberto Yousseff no âmbito do processo de delação premiada;
2) As afirmações atribuídas a Youssef
pela revista foram anexadas ao processo e;
3) O advogado do investigado, Antônio
Figueiredo Bastos, não rechaçou a veracidade do relato.
(...) Lamenta-se a fragilidade a que se
submete, em período eleitoral, o preceito constitucional de liberdade de
expressão ao se permitir que, ao cabo de poucas horas, de modo autocrático, um
ministro decida merecerem respostas informações jornalísticas que, em outras
circunstâncias, seriam simplesmente verdades inconvenientes - passíveis, é
claro, de contestação, mesmo quando fruto de dúvida hiperbólica, mas sempre
mediante a análise detida de provas e tomadas de testemunhos."
Com a quebra dos sigilos dos depoimentos
da Operação Lava Jato decidida nesta sexta-feira pelo ministro Teori Zavascki,
do Supremo Tribunal Federal (STF), ficou evidente que VEJA estava certa quanto
ao conteúdo do depoimento de Yousseff.
Abaixo a transcrição oficial do
depoimento de Yousseff, à disposição dos
leitores no site do Ministério Público Federal, em que o
doleiro afirma às autoridades exatamente o que VEJA publicou em sua capa de 29
de outubro de 2014:
"Alberto Youssef (Termo de
Colaboração 02) afirmou que, em complementação ao termo de declarações
realizado na data de ontem, o declarante gostaria de ressaltar que tanto a
presidência da Petrobras quanto o Palácio do Planalto tinham conhecimento da
estrutura que envolvia a distribuição e repasse de comissões no âmbito da
estatal; que, indagado quanto a quem se referia em relação ao termo
"Palácio do Planalto", esclarece que tanto à Presidência da
República, Casa Civil, Ministro de Minas e Energia, tais como Luis Inácio Lula
da Silva, Gilberto Carvalho, Ideli Salvatti, Gleisi Hoffman, Dilma Rousseff,
Antonio Palocci, José Dirceu e Edson Lobão, entre outros relacionados; que
esclarece ainda que eram comuns as disputas de poder entre partidos,
relacionadas à distribuição de cargos no âmbito da Petrobras, e que essas
discussões eram finalmente levadas ao Palácio do Planalto para solução; que
reafirma que o alto escalão do governo tinha conhecimento;"
Internamente, na apresentação da
reportagem de capa, VEJA escreveu: "Cedo ou tarde os depoimentos de
Youssef virão a público em seu trajeto na Justiça rumo ao Supremo Tribunal
Federal (STF)". Nesta sexta, os depoimentos efetivamente vieram a público
e quando se examina seu conteúdo no que diz respeito às afirmações de VEJA na
capa Lula
e Dilma Sabiam a constatação
insofismável é a de que VEJA apurou e publicou um fato real: Yousseff disse à
Justiça, no âmbito de sua delação premiada, que o Palácio do Planalto sabia das
tenebrosas transações que ocorriam na Petrobras.
VEJA cumpriu com seu dever jornalístico
ao trazer esse fato ao conhecimento de seus leitores. Portanto, quem se insurgiu
contra a revista naquele episódio, se insurgiu, realmente, contra os fatos.
Atacou o mensageiro, quando o que feria era a mensagem.
Agora,
com a quebra de sigilo sobre os depoimentos da Lava Jato, veio a confirmação de
que VEJA estava certa e seus contestadores errados. A eles, quem sabe, seja
útil a leitura de João 8:23:
"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/verdades-inconvenientes
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