A Doença de Chagas (ou Tripanossomíase Americana) é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Apresenta uma fase aguda que pode ser identificada ou não (doença de Chagas aguda – DCA) e tendência à evolução para as formas crônicas, caso não seja tratada precocemente com medicamento específico. Superada a fase aguda, aproximadamente 60% – 70% dos infectados evoluirão para uma forma indeterminada, sem nenhuma manifestação clínica da doença de Chagas. O restante, entre 30 % a 40 %, desenvolverá formas clínicas crônicas, divididas em três tipos de acordo com as complicações apresentadas: cardíaca, digestiva ou mista (com complicações cardíacas e digestivas).
Os vetores são os triatomíneos (família Reduviidae), insetos hematófagos popularmente conhecidos como barbeiros ou bicudos. Qualquer mamífero pode albergar o parasito, enquanto aves e répteis são refratários à infecção. Os principais reservatórios no ciclo silvestre são gambás, tatus, cães, gatos, ratos, etc. No ciclo doméstico, em função da proximidade das habitações do homem com o ambiente silvestre, os reservatórios são seres humanos e mamíferos domésticos ou sinantrópicos como cães, gatos, ratos e porcos.
Em função de ações de controle de vetores a partir da década de 1970, em 2006 o Brasil recebeu Certificação Internacional pela Interrupção da Transmissão de Doença de Chagas pelo Triatoma infestans, espécie importada e responsável pela maior parte da transmissão vetorial no passado. Estima-se que existam aproximadamente 12 milhões de portadores da doença crônica nas Américas, cerca de dois a três milhões no Brasil.
Como se adquire a doença de Chagas?
A forma de transmissão mais conhecida é pelo inseto “barbeiro” (também chamado de procotó, potó, chupão) contaminado pelo parasito. O barbeiro pica, suga o sangue da pessoa e defeca ao mesmo tempo. Nas fezes do barbeiro estão as formas infectivas do parasito, conhecido comoTrypanossoma cruzi. Pelo contato das mãos com as fezes do barbeiro ao coçar o local da picada ou levar a mão à boca ou aos olhos, o parasito penetra na corrente sanguínea da pessoa.
Outras formas de transmissão: a transmissão congênita: da mãe portadora da doença de Chagas para o filho durante a gravidez ou aleitamento materno; transfusão de sangue; recepção de órgãos transplantados de indivíduos infectados; contaminação em acidentes de laboratório; contaminação por ingestão de alimentos que contenham fezes de barbeiros infectados, como suco de frutas (goiaba, açaí, caldo de cana/garapa). Ver vídeo da sessão de vídeos.
Prevenção
Uma das formas de prevenção da doença de Chagas é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro das residências. Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, pode-se usar mosquiteiros ou telas metálicas. Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, etc) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata. Para a prevenção da transmissão oral é importante seguir todas as recomendações de boas práticas de higiene e manipulação de alimentos, em especial aqueles consumidos in natura.
Não existe vacina para prevenir a Doença de Chagas...
Viajante
É considerado caso suspeito de DCA o viajante que tenha ingerido alimento suspeito de contaminação por T. cruzi ou visitado área de ocorrência de triatomíneos e apresente febre prolongada (superior a 7 dias), acompanhado de pelo menos um do seguintes sinais: edema de face ou de membros, exantema (manchas avermelhadas), adenomegalia (gânglios inchados), hepatomegalia (aumento do fígado), esplenomegalia (aumento do baço), cardiopatia aguda (taquicardia, sinais de insuficiência cardíaca), manifestações hemorrágicas, sinal de Romaña ou chagoma de inoculação.
Diagnóstico
O diagnóstico na fase aguda da doença de Chagas é realizado por meio das provas parasitológicas diretas, com as quais buscamos visualizar diretamente no microscópio o parasita no sangue da pessoa com suspeita de infecção. Muitas vezes, a fase aguda não é diagnosticada. Isso ocorre porque há pessoas que não desenvolvem sintomas ou são inespecíficos e, geralmente, não lhes é oferecido acesso aos cuidados médicos, em parte também devido à falta de conhecimento dos profissionais de saúde sobre a doença de Chagas – o diagnóstico não é considerado e o tratamento não é oferecido para um caso que tem grandes chances de se curar completamente.
Para o diagnóstico na fase crônica da doença de Chagas, buscamos a presença indireta de anticorpos (IgG, anti-T.cruzi) no sangue da pessoa, por meio de exames sorológicos. Para determinar se o paciente está infectado com o parasita, as equipes de saúde precisam fazer de dois a três exames de sangue. MSF tem pressionado pelo desenvolvimento de novos testes rápidos para simplificar o diagnóstico da doença, que possibilitem ampliar o acesso ao diagnóstico na atenção primária de saúde.
Tratamento
O tratamento deve ser indicado por um médico, após a confirmação da doença. O remédio, chamado benzonidazol, é fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, às Secretarias Estaduais de Saúde, e deve ser utilizado em pessoas que tenham a doença aguda assim que ela for identificada. O tratamento tem duração de 60 dias. Para os portadores da doença crônica a indicação desse medicamento é para aqueles pacientes que não apresentam sintomas (forma indeterminada), devendo ser avaliada caso a caso.
O que fazer se eu encontrar um barbeiro na minha residência?
Você deve capturá-lo, sem tocar no inseto e colocá-lo em um vidro. Não coloque álcool ou qualquer outra substância no vidro, pois isto dificultará a identificação do inseto. Coloque seu nome, seu telefone e endereço e entregue na vigilância ambiental do seu município.
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