TREs não conseguem analisar todos as candidaturas
RIO - Termina nesta quinta-feira o prazo para que os tribunais regionais
eleitorais julguem os recursos sobre os registros de candidatura, mas pelo menos
seis TREs admitem que, por conta do volume de processos, não conseguirão
analisar todos os casos dentro da data estabelecida pelo calendário eleitoral.
Os candidatos tiveram até o dia 5 de julho para apresentar os requerimentos de
registros, que, desde então, vêm sendo deferidos ou indeferidos pelos juízes
eleitorais. Caso o aspirante ao cargo de vereador ou prefeito ou o Ministério
Público Eleitoral não concordem com o resultado da primeira instância, de negar
ou aprovar o registro, pode recorrer ao tribunal regional.
Embora tenham ampliado o horário das sessões ou feito encontros extras, os
tribunais regionais do Rio, São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina
e Paraíba já anteciparam que não devem julgar todos os casos até hoje. O
corregedor regional eleitoral do Rio, juiz Antonio Augusto de Toledo Gaspar, diz
que ainda há cerca de 500 processos para serem distribuídos, o que inviabiliza o
cumprimento do prazo. Esta semana, os casos passaram a ser entregues também a
membros suplentes, na tentativa de acelerar o trâmite.
- Os recursos de registros é o grande momento de se aplicar a Lei da Ficha
Limpa. Isso traz, de início, um certo debate que pode atrasar um pouquinho, mas
nosso tribunal já estava se preparando para as discussões que viesse – disse o
corregedor.
Segundo sistema disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral, pouco mais
de 18 mil recursos de registros de candidatura estão em tramitação na Justiça
Eleitoral. O TSE informou que 288 recursos chegaram à corte até quarta-feira.
Segundo o tribunal, o prazo de 23 de agosto para terminar o julgamento dos
recursos “é indicativo e não obrigatório”. A data foi estabelecida em 1997 pela
Lei das Eleições e, de lá para cá, o número de pedidos de registro de candidatos
aumentou muito, segundo o próprio TSE.
Atraso pode fazer com que candidatos assumam cargos se
eleitos
Enquanto o recurso não for julgado em última instância, o candidato pode
fazer campanha normalmente, inclusive participando do programa eleitoral na TV e
no rádio. Se depois de eleito, o TSE – que não tem prazo para analisar os casos
- julga indeferido o registro de um candidato, os votos dele não são computados.
O coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o juiz
Marlon Reis, diz que o atraso dos TREs em julgar os recursos vai dar brecha para
que candidatos com registros indeferidos nas duas primeiras instâncias possam
ser eleitos e assumir o cargo:
- Isso vai acontecer com toda certeza porque aconteceu nas eleições
municipais passadas. É lamentável, mas não tem outra alternativa pelo processo
atual. É lamentável, mas é compreensível por conta do volume de casos a serem
analisados pela Justiça Eleitoral.
Em São Paulo, 2.127 recursos chegaram ao TRE e, até ontem, 917 haviam sido
julgados. O presidente do tribunal, desembargador Alceu Penteado Navarro, disse
que "é impossível cumprir o prazo", porque “é muito curto”. Já o TRE-RS recebeu
498 recursos e analisou 245. O diretor-geral do tribunal, Antônio Augusto
Portinho da Cunha, afirma que a corte não conseguirá julgar todos os casos a
tempo:
- O prazo colocado pelo calendário eleitoral é o mesmo para pleitos gerais e
municipais. Nos pleitos municipais, a demanda aumenta muito. Se, numa eleição
geral, são cerca de mil candidatos, no pleito municipal, chegamos a quase 30 mil
postulantes, distribuídos por todos os 497 municípios do Rio Grande do Sul.
No Ceará, o tribunal havia julgado, até o início da tarde de ontem, 387
recursos entre os 1.114 que chegaram.
- O prazo é curtíssimo, levando-se em conta que o número de recursos este ano
aumentou muito. Já recebemos quase 1.200 processos. Para se ter uma ideia, em
2010, este número não chegou a 700 – disse. - Devo dizer ainda que, quando foi
estabelecido este prazo, não se levou em conta que a "Lei da Ficha Limpa"
poderia aumentar muito a quantidade de recursos, visto que os partidos insistem
em lançar candidatos que responderam a processos – declarou o diretor-geral do
TRE-CE, José Humberto Mota Cavalcanti.
O diretor-geral do TRE-PB, Leonardo Livio, informou que o tribunal recebeu
624 recursos, dos quais 225 foram julgados. Segundo ele, embora a intenção fosse
julgar tudo até hoje, “é pouca a chance de cumprir o prazo”. O presidente do
TRE-SC, desembargador Luiz Cézar Medeiros, disse que “o prazo é efetivamente
curto” e que um pequeno número de processos deverá ser julgado após a data
estabelecida como limite pelo calendário eleitoral.
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