Recorro a trecho da conhecida obra do imortal poeta Carlos Drummond de Andrade para iniciar esse texto, resguardo o paralelo de substituir o José, não por acaso, por Luiz:
"E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?"
Jamais terei sentimento de felicidade pelo encarceramento, tão quanto, diante das minhas próprias convicções, alicerçadas em horas dispendidas de estudo, tenho cada vez mais clareza do que me espera na difícil estrada da militância por um direito direito. É extremamente desgastantes debates fundados no achismo, num sentimento sorrateiro plantado por uma mídia cada vez mais corrompida pela ânsia de ser fomentada pelo público.
Os paradoxos do julgamento de ontem no STF, sobre um HC cambaleante e com extrema carga política, que foi eleito pela preferência não da doutrina, mas da repercussão que atrairia os holofotes da mídia, reforço minha convicção acerca do quão precisa ser reformado, de forma democrática, nosso três poderes. Rosa, diz que não julgará pelo seu entendimento, mas invoca e se apoia, literalmente, no que costumeiramente chamamos do "Maria vai com as outras". Marco Aurélio, relembrou seu tempo em que advogava para camelôs, e requereu aos 46 do segundo tempo, a manutenção de uma liminar de um HC denegado, mesmo diante do silêncio da defesa constituída do réu.
Frustrado as taxativas tentativas de atropelo a regimentos internos, Constituição Federal, e o regramento como todo, a Corte que externa com nitidez às vísceras de um sistema apodrecido, que conflita não o "fumus bonis iuris", mas a politização de comícios individuais que buscam forçadamente a simpatia do povo, vendida por uma imprensa ideologicamente voltada para o próprio umbigo. Luiz? Este se dividirá em dois, um de carne, certamente sucumbirá ao cárcere, e o outro, em espírito, reunificará as esquerdas, e carregará algum ungido ao segundo turno na briga direta pela Presidência este ano.
E a Presunção de Inocência? Poderá ser invocada mais adiante, quando se pautar as ADCs que vagam sem coerência nos arquivos do Supremo. É importante vigiar como votará os eminentes Ministros diante do exposto caso de discussão das ADCs, que tratam do mesmo caso, e por uma questão de economia processual deveriam ter sido pautadas em conjunto, visto não se justificar separação. Friso finalmente a questão da politização do julgamento, e apartado da técnica processual que a academia insiste em nos ensinar, saliento que Lula foi salvo por Ministros indicados por Sarney, Collor e FHC... Enquanto os indicados pela Era vermelha em sua maioria, ungidos por Dilma, foram seus principais carrascos.
É importante lembrar, que o próximo Presidente eleito, deverá indicar entre 4 e 5 novos Ministros do STF, PORTANTO, o voto é o empoderamento do povo, que não deve ser trocado por subterfúgios, mas usado para transformar realidades. É vital se melhorar a qualidade dos políticos, sim, mas é conveniente lembrar que os demais poderes integrados dependem do voto popular, mesmo que de forma indireta. O grande desafio, é nadar contra a falta de estudo de qualidade, conflitar com uma imprensa cada vem mais parcial a seus interesses próprios, além de viver numa sociedade não regida por Leis, mas por vontades alheias ao interesse público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário