O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado a mais de 40
anos de prisão por operar o mensalão, afirmou em seu depoimento à
Procuradoria-Geral da República em 24 de setembro que dinheiro do
esquema também foi usado para pagar a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e
Luciano, além do publicitário Nizan Guanaes.
As operações teriam ocorrido em 2005. Além de terem sido
garotos-propaganda de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha presidencial
de 2002, os músicos também trabalharam em campanhas petistas em 2004.
Nesse mesmo ano Nizan comandou a campanha derrotada de Jorge Bittar (PT)
à prefeitura do Rio - dois anos antes, tinha sido o marqueteiro de José
Serra na derrota pela disputa ao Planalto.
Segundo a versão de Valério, o dinheiro que ele diz ter ido parar nas
contas dos publicitários e dos músicos saiu de um suposto acerto que,
conforme afirmou ao Ministério Público, teria ocorrido em 2003 no
gabinete presidencial, numa reunião entre Lula, o então ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, e o então presidente da Portugal Telecom,
Miguel Horta.
O empresário afirmou no depoimento de 24 de setembro que uma
fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, arrumaria cerca de
R$ 7 milhões para o PT pagar dívidas de campanha suas e de aliados. Esse
dinheiro seria usado, segundo as acusações de Valério, dois anos depois
para pagar Nizan, Duda e Zezé Di Camargo e Luciano. Naquele mesmo 2005,
Valério chegou a viajar para Portugal acompanhado de Rogério Tolentino,
seu ex-advogado e sócio, e do dirigente do PTB Emerson Palmieri - a
viagem, afirmou o deputado cassado Roberto Jefferson ainda em 2005,
serviu para “liberar” o dinheiro da Portugal Telecom.
Lula afirmou na semana passada, durante viagem ao exterior, que não
responderia às acusações de Valério por se tratar de “mentira”. O
criminalista José Roberto Batochio, advogado de Palocci, também negou
que seu cliente tenha participado das reuniões no Planalto citadas pelo
empresário à Procuradoria-Geral da República.
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