E AGORA...
PRA QUEM SABE LER, TUDO FOI DITO.
Na opinião, na melhor matéria sobre sucessão estadual, um misto entre
entrevista e reportagem com o governador Cid Gomes e o senador Eunício
Oliveira, o Diário do Nordeste traz revelações sugestivas.
GOVERNO DO ESTADO
PROS não abre mão de candidato, garante Cid
Em mais um capítulo que antecede a sucessão estadual, o chefe do
Executivo cearense, governador Cid Gomes, assegurou ontem, em visita ao
Sistema Verdes Mares, que o Partido Republicano da Ordem Social, o PROS,
não vai abrir mão de lançar candidatura ao Governo do Estado para
disputar as eleições deste ano. Segundo ele, assim como os demais
partidos que têm tal pretensão, sua legenda vai manter o interesse na
disputa. No entanto, ressaltou que vai trabalhar para manter a aliança
com todos as agremiações aliadas.
Cid Gomes tem evitado dar
declarações sobre as eleições e minimizou a pretensão dos demais
partidos, sempre com o discurso de manter alianças Foto: José Leomar
O gestor vem tentando se desvencilhar dos questionamentos da imprensa
sobre o tema. "Agora é hora de administrar. Mas pra frente, em JUNHO, eu
procurarei me atentar mais sobre isso. A minha primeira intenção é
manter a aliança", afirmou. Cid tem adotado tom de cautela ao se referir
à sucessão, embora a candidatura do senador Eunício Oliveira pelo PMDB
seja dada como confirmada por correligionários, projetando uma provável
ruptura entre os dois partidos.
Questionado se o PROS em algum
momento das discussões poderia abrir mão da disputa em vista de
manutenção da aliança, Cid Gomes foi enfático e afirmou que "a princípio
ninguém abre mão. Se você entra num diálogo abrindo mão do que você
quer, você já perdeu". Ele ressaltou que na política existe uma
correlação de forças e ganha quem tem mais poder.
"Vamos ver no
tempo certo o que o PROS deseja, e aí vamos sentar e conversar. No
fundo, política é como um jogo de pôquer, você pode até blefar, mas quem
tem as cartas maiores é quem leva no final", salientou o governador. Em
ordem de importância, ele afirmou que pretende manter aliança com PT,
PDT, PP, PMDB, PTB, PCdoB e PROS, ressaltando que são 16 as legendas que
fazem parte do processo de discussão para a eleição de 2014, em um arco
de aliança que surgiu em 2006, na sua primeira eleição ao Governo.
"Eu tenho algumas convicções comigo mesmo. Procuro ser disciplinado.
Penso, raciocino, planejo e procuro fazer só depois de ter certeza. As
pessoas me elegeram para administrar e não fazer política". E completa:
"Política para mim, lá na frente, em junho. O nome vai sair no dia 28 de
junho, por aí. Mas o que tem-se demonstrado é que a chapa completa
acontece nas últimas horas".
Senado
Cid Gomes afirmou ser
natural que todos os partidos tenham pretensão em lançar seus nomes ao
Governo do Estado. Ele voltou a dizer que é legítima a intenção do
senador Eunício Oliveira (PMDB) de ser o candidato cabeça de chapa de
uma possível coligação com os demais partidos aliados, assim como a
pretensão de Inácio Arruda (PCdoB) em manter a vaga no Senado.
O
PT quer a única vaga em disputa para o Senado Federal, que atualmente é
de Inácio Arruda. Para Cid, as aspirações petistas fazem parte do
contexto político e, somente depois de uma longa conversa, os partidos
poderão tomar alguma decisão. "Eu não falo mais pelo PROS. Quem fala é o
Danilo (Serpa) em nível Estadual e no Federal é o Eurípedes (Júnior).
Mas é claro que qualquer partido quer ter o cabeça. Quem não tem
pretensão de ser governador de seu Estado tem problemas".
Sobre
a possível lista com cinco nomes, que foi sondada pelo presidente
nacional da legenda, Cid negou que tenha excluído a indicação do
prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, mas ressaltou que o gestor da
Capital cearense está construindo os alicerces de sua vida política no
Município e que seria ruim para a imagem dele lançar candidatura ao
Governo. A lista, segundo Eurípedes Júnior, presidente do PROS, incluía
ainda o deputado Mauro Filho; o presidente da Assembleia, José
Albuquerque; o vice-governador Domingos Filho e o ex-ministro dos
Portos, Leônidas Cristino.
Dilma
O governador alega
que um dos motivos para manter aliança com tantos partidos seria a
construção da candidatura para reeleição da presidente Dilma Rousseff.
"Desejo manter aliança com o PT, sou um dos primeiros que apoia a
reeleição da Dilma. Não sou daqueles que cria dificuldade para vender
facilidade".
Cid afirmou que em épocas passadas era mais fácil
consolidar uma aliança. Hoje é complicado. É fundamental o diálogo para
que se mantenha a aliança. O PCdoB vai dizer que quer que o Inácio se
mantenha senador e isso é natural. Vai ser possível? Qual a pretensão do
PMDB? Do PT, do PDT? Vamos ver tudo isso, que é uma correlação de
forças. Muitas vezes há um impasse e, se não conseguir um resultado,
acaba-se tendo uma disputa. Faz parte do processo. Vou trabalhar muito
para tentar manter a aliança".
Obras
Na entrevista,
Cid Gomes discorreu sobre o último ano de seu mandato à frente do
Governo do Ceará e apresentou algumas obras que serão concluídas até o
fim do ano. No entanto, outras iniciadas em sua gestão não poderão ser
finalizadas, como o Cinturão das Águas, Acquário Ceará e Hospital
Metropolitano.
Na área de Segurança Pública, ele reconheceu que 2013
bateu recorde de número de homicídios em todo o Estado, mas ressaltou
que até o fim de sua administração vai procurar melhorar o setor na
Capital e Interior, ressaltando que a mudança só acontecerá com ações
efetivas. "A gente tem que ter humildade de reconhecer, mas não desistir
nunca", disse.
Ele fez acusações de possíveis envolvidos na
Polícia Militar em levantes contra o Governo do Estado, o que seu irmão,
Ciro Gomes, classificou como "milícia" no ano passado. "Existem grupos
políticos que usam isso como meio de vida. Se ele não fizer isso, ele
não consegue se eleger. Por isso tenta sempre tirar proveito, buscando
ambientes de tensão. Isso é parte do processo", afirmou.
Ele
acrescentou que todos os dias novos agentes são colocados nas ruas para
garantir a segurança da população e citou como pontos positivos da
gestão a construção da Academia da Polícia e a Corregedoria para punir
as más condutas de agentes da Polícia do Ceará. "Estamos excluindo,
separando o joio do trigo e colocando para a fora".
Sobre a estiagem
que assola o Estado nos últimos dois anos, o gestor disse que hoje os
"flagelados da seca" não invadem comércio e até prefeituras em busca de
amparo, como ocorria há 40 anos. Cid atribuiu os avanços a projetos
sociais como o Bolsa Família e o Garantia Safra, que minimizam a
situação no Interior.
Eunício descarta desistência
Procurado pelo Diário do Nordeste, o senador Eunício Oliveira (PMDB)
minimizou a declaração do governador Cid Gomes de que nenhum dos
partidos interessados vai abrir mão de lançar candidato ao Governo do
Estado nas eleições deste ano. O peemedebista disse considerar a
declaração "natural" e afirmou que, assim como o PROS, o PMDB também vai
insistir em disputar o Executivo Estadual. O parlamentar declarou, no
entanto, que vai tentar, até a última hora, manter a aliança com Cid,
mas que, caso não seja possível, não terá problemas em desembarcar da
administração estadual.
"Concordo com o que disse o Cid, ninguém vai
abrir mão", afirmou o senador. Segundo ele, a candidatura do PMDB no
Ceará foi escolhida pela direção nacional da sigla como uma das cinco
prioridades para as eleições deste ano. "Como o PMDB pode desistir dessa
candidatura?", afirmou, comentando que, para o PMDB, essa decisão deve
ser tomada até abril, data da convenção nacional do partido.
Evitando citar o próprio nome como candidato, Eunício disse que fez
acordo com Cid para não antecipar a discussão eleitoral, para não
atrapalhar a administração estadual. Indagado se a intensa agenda que
irá cumprir nos próximos meses, anunciada por sua assessoria, seria
anúncio indireto da candidatura, respondeu que cumprirá agenda como
senador. "Sempre cumpri agenda de quinta a domingo. Até porque respeito a
legislação eleitoral, que ajudei a construir. Desrespeitar seria eu
anunciar minha candidatura agora", alega.
Para o senador, a
confirmação de candidatura tanto do PROS quanto do PMDB pelos seus
respectivos presidentes nacionais, Eurípedes Júnior e Valdir Raupp, em
recentes entrevistas à imprensa, são naturais e fruto do desejo deles de
que os partidos tenham candidatos. "Me orgulha muito o apoio dele",
disse, em referência à afirmação de Raupp de que ele será candidato com
ou sem o apoio de Cid e Ciro Gomes.
Ele afirmou que, posteriormente,
pretende sugerir critérios na hora de escolher o nome, mas
desconversou: "Não sei se os aliados concordam em se criar critérios". O
senador comentou que, como aliado de Cid desde 2006, seu desejo é
trabalhar a para manter a aliança com o grupo do governador. "Dentro
dessa aliança, vamos escolher o melhor nome. Se não for possível,
paciência", afirmou.
Questionado se, caso a aliança seja quebrada,
teria problema em desembarcar do Governo Cid antes do fim da gestão, o
peemedebista negou o desconforto. "Para quem foi colocado para
atravessar o Rio Salgado com seis anos de idade, sem saber nada, não tem
que ter medo de nada". E disse: "Vamos propor corrigir os erros,
melhorar.
Na entrevista ao Diário do Nordeste, o peemedebista também
confirmou a preocupação da presidente Dilma e do ex-presidente Lula em
relação à sucessão no Ceará, mas negou qualquer interferência dos dois
por enquanto.
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