Diante de surtos nacionais de doenças causadas pelo Aedes aegypti,
moradores de Pedra Branca (a 261 km de Fortaleza) já não conhecem o problema há
mais de 10 anos. Com técnicas de baixo custo, como aumento do número de visitas
dos agentes de endemias em parceria com agentes de saúde, vedação de caixas com
gesso e uso das chamadas piabas rabo de fogo, a cidade extinguiu o Aedes sem
usar larvicidas ou mesmo o carro fumacê.
Em visita realizada na manhã de ontem, representantes da Secretaria da
Saúde de Pedra Branca apresentaram os resultados aos deputados da Frente
Parlamentar de combate ao mosquito e à imprensa.
“O Ministério da Saúde pede que a gente faça seis ciclos anuais (de
visitas). Aqui, fazemos onze ciclos”, afirma Donizete Silva, coordenador de
endemias de Pedra Branca. Além disso, de acordo com ele, foram confeccionadas
armadilhas artesanais chamadas ovitrampas. Com elas, é possível detectar o ovo
antes mesmo que se torne larva. “Se encontra o ovo, o agente não espera dois
meses para passar de novo naquele local. Ele retorna três vezes, de sete em
sete dias, para que quebre o ciclo biológico do mosquito”, explica.
Além disso, há o uso da piaba rabo de fogo, uma espécie voraz que se
alimenta das larvas e ovos do mosquito. A vedação de caixas d’água é feita com
gesso. O material fixa a tela com mais eficácia e não deixa frestas.
“Percebemos que outros lugares utilizam larvicida há muito tempo e é
encontrado foco, então, não funciona. Em muitos municípios, é utilizado em água
potável, de beber, de fazer comida, e não consigo compreender como um gestor
permite o habitante utilizar água com substâncias que causam riscos à saúde”,
criticou Ana Paula Albuquerque, secretária da Saúde da cidade.
O secretário adjunto do Conselho Nacional de Secretários da Saúde,
Jurandir Frutuoso, acredita que, além das ações de combate, um dos principais
motivos para os números positivos em Pedra Branca é a continuidade de políticas
públicas mesmo com as sucessões municipais. Segundo o deputado estadual Carlos
Matos (PSDB), que preside o colegiado, a ideia é convocar audiência pública nos
próximos dias para discutir as ações e iniciar trabalho de conscientização em
outras cidades.
*A repórter viajou a convite da Assembleia Legislativa.
SAIBA MAIS
De acordo com dados do terceiro ciclo de visitas da Secretaria da Saúde
do Estado, os municípios cearenses com maior índice de infestação são Nova
Russas, Canindé, Apuiarés, Quixadá e Hidrolândia. Ainda segundo o informativo,
em 18 municípios cearenses, nenhuma residência chegou a ser visitada no ciclo
de abril. Para serem satisfatórias, as visitas devem ter no mínimo 80% de
cobertura.
Fonte: http://mobile.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2016/05/11/noticiasjornalcotidiano,3612391/as-licoes-de-pedra-branca-que-nao-tem-aedes-aegypti.shtml
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