quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

EXCELENTE ARTIGO DO AMIGO HERBERT LOBO...

Cidade S/A: Governança, empreendedorismo e resultado

Em artigo enviado ao Blog, o administrador e secretário-geral do PPS-Ceará, Herbert Lobo, idealiza um novo modelo de gestão. Confira:

Imaginemos que a Bolsa de Valores Mobiliários aceitasse a “abertura de capital” de cidades e que nessa nova modalidade os eleitores passariam a ser chamados e vistos como acionistas e o prefeito como o CEO (Chief Executive Office).
De acordo com as novas regras os administradores desses fundos – PREFEITOS – possuem deveres, não fiduciários, mas sociais para com seus constituintes – MUNÍCIPES – e sua conduta estaria sempre sob crescente escrutínio por parte dos cidadãos e também dos órgãos reguladores.
Nesse cenário, tal quais as empresas que pretendem adentrar na bolsa de valores, colocando seus papéis à venda, os governos municipais precisariam se reinventar, em dois aspectos em especial: governança e gestão de resultados.
Os cidadãos, da mesma forma que os acionistas de uma empresa de capital aberto, deveriam ter acesso às informações de gestão, balanços e estratégia de futuro da prefeitura, e a possibilidade – por meio de ferramentas e canais de e-governo – de participar das decisões sobre a cidade e seus rumos, numa governança efetiva.
Além da transparência e estímulo a democracia participativa, os governos necessitariam de uma gestão de resultado, de uma nova modelagem organizacional, onde o alvo seria os cidadãos, diferente do que ocorre hoje que se prioriza a burocracia e suas disfunções sobrepondo-se as pessoas e até mesmo ao interesse coletivo.
Para uma efetiva gestão de resultados, numa Cidade/AS, é condição sine quo non que o governo tenha espírito, visão e atitude empreendedoras. Refiro-me a um modelo de gestão realmente empreendedor, criativo e inovador, não a um tardio modelo gerencial, que ainda nem foi implantando na grande maioria dos governos, mas que já é insuficiente para dar conta dos desafios impostos pelos novos tempos e para atender às difusas demandas da atual sociedade.
Um dos muitos legados do pai da administração moderna, Peter Drucker, foi demonstrar que as características empreendedoras podem ser adquiridas, desenvolvidas, que não são apenas inatas. Pessoas podem tornar-se empreendedoras, governos também. Encurtando o hiato entre gestão e o cidadão/sociedade.
No caso específico dos governos, a obra de David Osborne, de meados dos anos 90, continua atual e dá pistas de como os governos podem tornar-se empreendedores.
Em “Reinventing Governement” escrito com Ted Gaebler, e mais tarde em “Banishing Bureaucracy” escrito com Peter Plastrik, David Osborne, apresenta um modelo de gestão pública empreendedora e descreve como implantá-la por meio de pontos de alavancagem.
Segundo Osborne, há cinco estratégicas para construir um governo empreendedor focado em resultado, são elas: definição de valores e classificação de propósitos; criação de incentivos reais em função da “performance”; foco voltado para o cliente/cidadão; descentralização do controle; mudança da cultura organizacional.
Para Osborne a atitude primordial do gestor e de uma gestão é coordenar interesses e estratégias em prol da comunidade, catalisando e facilitando o desenvolvimento, mais do que simplesmente “prestar serviços”. Concordo plenamente.
O maior patrimônio de um governo empreendedor é sua clareza de propósitos e objetivos, e o estabelecimento de metas e valores práticos, diz Osborne.
Os governos locais, como na hipotética Cidade/SA, devem estimular a governança, serem empreendedores na busca de resultados sociais, e terem visão estratégica e voltada para desenvolvimento.
O cidadão, principal acionista, agradece.

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