Testemunho de Sílvio
Mota, Juiz Federal, sobre a ação da PM do governador Cid Ferreira Gomes, ontem
(27/6/2013):
“Eu sou brasileiro,
com muito orgulho, com muito amor!”
Era isso que eu ia
cantando quando avancei contra a PM do Sr. Cid Gomes.
Por que avancei?
Em primeiro lugar, porque a polícia não se manteve
nas barreiras e avançou para acabar com a manifestação. Uma manifestação
pacífica, de cara limpa, em que tremulavam bandeiras dos movimentos sociais e
até de partidos políticos.
Não é verdade que os manifestantes provocaram o
enfrentamento.
A PM do Ceará mentiu, e a Rede Globo também.
A maior manipulação da Globo foi a de não seguir a
linha do tempo, e apresentar imagens do final do conflito sem nada dizer das
horas de bombardeio que sofremos.
Tenho 68 anos e limitações de locomoção, e estava
sentado quando eu e minha esposa, também com 68 anos, fomos atingidos por
artefatos de gás lacrimogênio. Estávamos longe da barreira, com vários
trabalhadores, professores universitários, profissionais da saúde, e até
militantes das Pastorais da Igreja Católica.
Minha esposa foi levada por jovens manifestantes
para longe, a fim de ser tratada dos efeitos do gás. Eu fiquei, inclusive
porque peso mais de 100 quilos. Estava aplicando uma esponjinha molhada de
vinagre para poder respirar, mas vi uma jovem tão apavorada que passei minha
esponja para ela.
Levantei-me indignado e avancei contra os escudos
da barreira, de cara limpa, com a camisa contra a PEC 37. Os PMs ficaram
confusos, mas logo avançou um oficial superprotegido por escudos e asseclas que
mal podia falar.
Foi logo dizendo que eu não podia fazer aquilo, mas
respondi que estava no meu direito de manifestar-me sem armas. Ele alegou que
eu podia ser atingido por pedras, mas nenhuma foi arremessada contra mim. As
poucas que havia no chão eram pequenas, e nenhum risco causavam a seus escudos
e coletes. Disse-lhe que dispensava sua proteção, pois quem tinha me agredido
era ele, e não pedras.
Ele voltou para sua linha de escudos.
Os jornalistas presentes logo me perguntaram se eu
era promotor, e lhes disse que era juiz aposentado e meu nome. Até defendi o
plebiscito proposto pela Presidenta Dilma.
O garboso oficial com seus escudos laterais saiu da
linha de novo e disse que iria prender-me.
Disse-lhe que não podia fazer isso porque eu era um
magistrado vitalício e não estava cometendo nenhum crime. Exibi-lhe minha
carteira funcional, e ele disse que não ia me prender, mas que ia prender a um
senhor militante do MST que tinha avançado para meu lado para proteger-me e
estava usando a camisa do movimento. Disse-lhe então que iria com ele, e na
confusão o camponês correu e o garboso oficial não teve coragem de abandonar a
linha para persegui-lo.
Dei-lhe as costas e voltei para a meninada, que já
estava mais calma, mas então ele teve coragem de mandar disparar pelos menos
cinco artefatos de gás nas minhas costas. Os meninos apagaram quatro deles em
baldes de água, e um quinto me atingiu no meio das costas. Caiu no chão e
chutei para o lado. É bom saber: nunca dê as costas para uma hiena.
Depois de voltar para a manifestação encontrei
minha mulher, ficamos ainda algum tempo aguentando gás lançado contra nós sem
motivo, em trajetórias de longo alcance e ainda deu tempo para sair com nosso
carro e almoçarmos em um restaurante (o que tinha que fazer com urgência, pois
já eram duas da tarde e sou diabético).
Só então tivemos notícias dos confrontos mostrados
nas imagens da Globo, por celular.
Sílvio Mota
Magistrado Federal"
Fonte: facebook
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